EU NÃO PRECISO DE VOCÊ



preciso?

Cheiro que roça
de pele
que toca

Cheiro que corta
de leve
que enrosca

Cheiro que mata
que chupa
que choca

peitos soltos
peitos livres
peitos leves
peito em crise

A Minha Estrela Bailarina

sob o sol e poeira

construção das grandes empreiteiras

 devagar

cachoeiras de sangue

escorrem

entre minhas pernas

máquinas que correm contra o tempo

carregam

paus pó pedras

devagar

sinto meu útero contraído

pela dor

o barro escoá

e o sangue sessa

devagar

Amargura

Tranquila ao meu relento
sinto o sopro de um dia cinza
e gotas caindo em silêncio
os pés frios
e um corpo quente
a te aguardar

no meu relento

Me Dá Um Lá

certas coisas que respiro me inspiram

tomam meu ser

que corre pra rua

mostra a cara 

(dá-la a tapa)

certas coisas que respiro

já estão impregnadas em mim

esperando que eu expire

transpire

certas coisas que respiro

não vejo

sinto

pire

com os pés cansados
e calos na mente

Meio de Transporte Transparente

As vezes me sinto
um meia palavra
um meio termo
um meio grito
meio rouca
meio mito
meio tonta
te fito

essa minha caixola
que só roda
no pensar

rodopia entre os termos
que só vem
a complicar

cabeça que voa
e avoando
erra no olhar

pois quando olho pra ocê
é no outro
que faço alembrar

nunca sabe o que queres
vai sozinho
a tocar

não é prosa
não é não é poesia
 talvez um embaralhado de sentimentos
ou um drops azul indigesto